sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O "Bom Medo"

Quantas vezes paramos para pensar no que nos faz sentir um “bom medo”?
Ainda sobre um efeito Olímpico, sigo dedicando parte de meu tempo para algumas reflexões, vivendo o clima deste importante ambiente esportivo. Conheço algumas profissões, e já tive a oportunidade de conviver em outros ambientes antes de me tornar um Técnico Esportivo, também já ouvi muitos relatos sobre essa sensação que nos torna verdadeiramente seres humanos. Mas com convicção não conheço nenhuma outra área de atuação que possa produzir tão perfeitamente essa sensação que sentimos no esporte, e em doses elevadas quando competimos. O “medo” é uma sensação importantíssima, é biológico e extremamente necessário para que nos mantenhamos concentrados e que nos eleve o nível de preparação para o desafio. Não é tóxico e tão pouco nos causa contra-indicações, o que seguramente nos atrapalha são as tentativas de fugir dele, pois agindo assim ele aumenta. Já passei inúmeras sensações no esporte e nenhuma delas se compara ao momento de uma derrota, de uma frustração por não ter alcançado algo ou por uma eliminação não esperada. O próximo passo sempre é o mais difícil, pois nele há sempre o “medo” de falhar novamente, de não conseguir e por consequência criar um rótulo de fracasso como sobrenome. O tempo mostrou-me que, o “medo” é o meu maior conselheiro e quando está presente me faz olhar para dentro de mim, me faz refletir melhor e me possibilita buscar com mais dedicação aquilo que realmente almejo. Acelera minha respiração e me eleva ao estado de alerta permanente causando-me a sensação de que sou imbatível naquele momento. Essa foi a verdadeira sensação que descobri do “medo”, que ele é bom e me ajuda a avaliar-me constantemente e que me prepara para competir. Quando compreendi tudo isso, percebi que precisa cada vez mais dele para viver no esporte e passei a correr mais riscos, me desafiar mais e encontrar equilíbrio entre o risco e a segurança, entre o êxito e a frustração. Por muitas vezes perdemos partidas seguidamente e com isso perdemos a coragem de tornar a arriscar, de tentar novamente e a confiança no que realizamos, por esta razão perder nunca pode significar um atraso e tão pouco limitar nossa capacidade de reagir e seguir em frente. O verdadeiro desafio é dominar este medo e torná-lo bom, voltar a sentir a sensação e entender que ele é parte de nossa preparação. Às vezes acho que deveria tê-lo desafiado mais para conhecer meus limites, ter alimentado as criticas e as crises, pois elas sempre vêem acompanhadas de muita falta de fé, e como é bom provar que somos capazes. Acredito que nossa maior vitória é ouvir todos se perguntarem “como ele conseguiu”. Para isso é preciso desafiar e conviver com o “medo”, administrar crises e fracassos sem perder a fé, aumentar sua autoconfiança e buscar conhecer seus “limites” se é que eles existem. Existe uma frase da qual eu desconheço a autoria que assim diz: “Você pode beber água de uma miragem, mais ela não matará sua sede”. Podemos evoluir muito quando perdemos, e o “bom medo” certamente será o melhor conselheiro nestas horas.

Um comentário:

  1. Parabéns professor, sou seu fã, próximo ano estarei no seu estágio para treinadores, um grande abraço!

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