Por Rafaela Bertoldi
Psicóloga do Esporte
Quantas vezes você viu atletas atribuírem seus maus desempenhos a fatores como perda de concentração ou a se sentirem tensos sob pressão, ou seja, lado mental de seu jogo? Um equívoco que os técnicos e os atletas costumam cometer é tentar corrigir um mau desempenho simplesmente treinando mais. Muitas vezes a falta de habilidades físicas não é o problema real – antes, a causa é uma falta de habilidades mentais. Examinemos uma situação que demonstra essa situação.
A equipe de futsal de “Pedro” (nome fictício) está perdendo por 2 a1, e resta 10 segundos para terminar o jogo quando “Pedro” sofre uma infração e tem um tiro livre direto a seu favor. A equipe adversária tentam intimidar “Pedro”, colocando mais pressão sobre o atleta que vai chutar. Seu técnico lhe diz para simplesmente relaxar e chutar como costuma fazer nos treinos. Mas “Pedro” sabe que o jogo é importante para seus companheiros, para seu técnico, para si mesmo, para a torcida, sua família na plateia e para sua equipe. Ele começa a pensar sobre como se sentiria péssimo se decepcionasse a todos, e essa preocupação começa afetá-lo fisicamente. Quando se aproxima para cobrar o tiro livre direto, os músculos de seus ombros e pernas se retesam. Como resultado, ele apressa seu chute, perde ritmo, erra e sua equipe perde o jogo.
No dia seguinte no treino, o técnico lhe diz para treinar mais seu tiro livre direto, recomendando que ele fique depois do treino para praticá-los. O técnico acredita que o treino extra ajudará “Pedro” a aperfeiçoar sua técnica para que não entre em pânico no próximo grande jogo.
Entretanto, o problema de “Pedro” não teve a ver somente com os mecanismos do chute. O problema real foi que ele ficou muito tenso e não conseguiu relaxar para chutar tranqüilo e coordenalmente, como no treino. Fazê-lo somente treinar chutes livres não o ajudará a superar pressões quando o jogo está para ser decidido. “Pedro” precisa desenvolver habilidades para relaxar física e mentalmente sob grande pressão. Essas habilidades (entre outras) podem ser desenvolvidas por meio do treinamento de habilidades psicológicas.
O treinamento de habilidades psicológicas, refere-se à prática sistemática e consistente de habilidades mentais, emocionais e comportamentais. Assim como as habilidades físicas, habilidades psicológicas como: estabelecer metas, concentrar ou focalizar a atenção, regular os níveis de ativação (estados emocionais), aumentar a autoconfiança e estabelecer e manter a motivação e competitividade, também precisam ser desenvolvidas.
Pesquisas comparativas realizadas com atletas bem-sucedidos X menos bem-sucedidos, indicam que em termos de habilidades mentais e emocionais, os mais bem-sucedidos:
Estabelecem metas (diárias);
Apresentam melhor nível de concentração;
Níveis mais elevados de autoconfiança;
Mais pensamentos orientados a tarefa em vez de orientados a resultados;
Níveis apropriados de ansiedade;
São mais positivos e otimistas;
Usam mentalizações para visualizar o rendimento e sucesso;
São mais determinados;
Demonstram maior comprometimento;
Superam adversidades e bloqueios de desempenho, mantendo seus planos;
Superam os próprios limites.
Conclusão: Em geral, intervenções mentais e emocionais melhoram efetivamente o desempenho competitivo no esporte e devem ser realizadas de maneira individual, sistemática a partir de uma variedade de métodos e técnicas para formar um programa integrado.
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