segunda-feira, 16 de junho de 2014

Processo de Transição - Passagem de um ponto ou estado a outro; Mudança (Houaiss)

TRANSIÇÃO

No futsal esta definição fica claramente evidente, por ser de habilidade aberta onde o meio é imprevisível.
Sendo assim, não devemos tentar minimizar a imprevisibilidade deste meio, temos sim que capacitar os atletas na melhora de sua habilidade na resolução de problemas, resoluções estas de contexto. Segundo Morin (Método 1- 2008), “nenhum corpo, nenhum objeto pode ser concebido fora das interações que lhe constituíram e das interações das quais ele participa necessariamente”.
Por este motivo, o foco deve ser na sistematização do treinamento em função da interação, ou seja, trabalhos com oponência e que constituam o jogo.

“Deve-se criar gatilhos ou ações que facilitem a adequação de todos os componentes da equipe, pois nesses momentos de estresse o cérebro responde em função do que ele conhece” (Steven Pinker), portanto, “qualquer que seja o sistema (ataque / defesa), qualquer que seja o desenrolar da ação ao observador, a regra diz que a mente deste utiliza somente a parte final e nela seu juízo visual, a percepção”. (Paul Feyrabend)
Tendo como base estes argumentos, a máxima que nenhuma informação faz sentido se não estiver inserida em um contexto, é verdadeira. A complexidade das transições (ataque / defesa) suscita hesitação, podendo ser, por longo tempo, um obstáculo para a ação, mas não impedindo de decidir. A incerteza estimula porque convoca, induz à estratégia coletiva, estratégia esta que poderá ser organizada por determinados gatilhos que, como anteriormente citados, acionam toda a equipe para a mesma resolução de problema. Na medida em que pensamos para capacitar o atleta da melhor forma, raciocinamos por sofismos, pois tendemos a fazer com que o atleta pense na resolução, quando nós treinadores é que temos que pensar em superdimensionamento das ações, ou seja, repetir ao máximo o número de estímulos para que durante o jogo o atleta reconheça a ação em desenvolvimento ou a última, e resolva o problema. Os comandos se diferenciam na essência, os de defesa serão sempre em função da abordagem no homem da bola, ou seja, em função do companheiro, enquanto os comandos de ataque se baseiam sempre na defesa adversária. A analogia que faço da importância do gatilho, é que ele não pode ser insular, e sim, peninsular, e para ser efetivo devemos liga-lo ao contexto do qual faz parte. A ação do gatilho, ao mesmo tempo emocional, psicológico, experiencial, cultural, físico, faz com que ele não possa ser dissociado do contexto onde é utilizado. Quando o colocamos como primeiro passo ou a partir do jogo, a construção dos exercícios para a capacitação ante o meio imprevisível, temos a noção de que jamais poderemos pensar o jogo em partes ou reduzi-lo, pois as imprevisibilidades, dúvidas, instabilidades, encontram-se sempre presentes em um meio caótico como o futsal. Corremos o risco se não levarmos em conta esta hierarquia de não conseguirmos identificar a tempo a melhor resolução do problema que se apresenta. Morin faz uma analogia muito pertinente para explicar porquê partir o que é complexo é um erro: A literatura não é apenas a gramática, é a sintaxe, é Montaigne e Dostoievski. Sendo assim, a metodologia a ser utilizada na capacitação do atleta na transição não poderá, de forma alguma, isolar as partes. Segundo Pivetti, adepto à insipiente metodologia da periodização tática, diz que: no processo eficiente de ensino /aprendizagem, o treinador é desafiado a fazer com que seus comandados tenham uma leitura e um entendimento pormenorizado do modelo de jogo a ser criado e, também, que sejam espontaneamente criativos nos diferentes contextos que a própria dinâmica de jogo oferece. Essa hierarquia de seu pensamento me remete às palavras de Bertrand Russel: “Todo homem, aonde quer que vá, está envolto por uma nuvem de convicções confortadoras que se deslocam com ele como moscas em um dia de verão”. No caso de Pivetti, está na percepção hierárquica do autor, onde ele coloca o modelo de jogo acima do jogo, que é a essência de tudo. Transição remete a complexidade, sem resposta definida ou definitiva. Ao invés de tentarmos controlar as imprevisibilidades das mudanças de estado (transição) devemos utilizá-las como oportunidades.
Apesar de sempre nos apegarmos a um viés confirmatório do que acreditamos, penso que os argumentos citados acima, hoje me induzem a pensar que qualquer trabalho sem interação / contexto é perda de tempo.

Técnico Paulinho Cardoso
Minas Tênis Clube - MG

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