quinta-feira, 28 de agosto de 2014

AFINAL O QUE É PSICOLOGIA DO ESPORTE?

Dentre vários assuntos que geraram grande repercussão na realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, se destacou o “possível” descontrole emocional dos nossos atletas. E a partir disso, a Psicologia do Esporte se tornou assunto predileto nos noticiários e entre os nossos comentaristas. Muitas das vezes, a Psicologia do Esporte foi descrita como uma ciência, um trabalho muito diferente do que realmente é.
Por isso, vamos falar um pouco sobre algumas questões sobre a Psicologia do Esporte, tais como, o surgimento da área no Brasil e no mundo, algumas considerações sobre quais são as áreas e campos de atuação e quais as funções do Psicólogo do Esporte.
A psicologia do Esporte é uma ciência que vem se consolidando em todo o mundo buscando entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho de um indivíduo e compreender como a participação em esportes e nas práticas de tempo livre afeta o desenvolvimento psicológico, a saúde e o bem-estar de uma pessoa.
Segundo Rúbio (2004), a Psicologia do Esporte tem como meio e fim o estudo do ser humano envolvido com a prática de atividades físicas e esportivas competitivas. Mas a Psicologia do Esporte vai além dos atletas de alto nível, trabalha também com pessoas de todas as idades em vários contextos.
O psicólogo do esporte pode atuar em três possibilidades, ensino, pesquisa e intervenção. No ensino, é responsável pela disseminação do conhecimento. Na pesquisa, por novas descobertas e desenvolvimento desta ciência. Na intervenção, é responsável pela melhoria das capacidades e habilidades psíquicas e avaliação psicológica dos praticantes.
Na área de intervenção, há cinco campos de atuação: esporte de alto rendimento (de competição), práticas de tempo livre (exercidas por prazer, individualmente ou em grupos), iniciação esportiva ou esporte escolar (crianças), projetos sociais (utilizando a metodologia de educação pelo esporte) e reabilitação (atletas lesionados ou pessoas que sofreram algum trauma que necessitam de atividade física).
A Psicologia do Esporte teve início no século XIX, quando alguns cientistas pensando nos benefícios que a Educação Física poderia obter familiarizando com a Psicologia começaram realizar pesquisas. Mas eram de cunho pessoal, não tinham base experimental então não foram reconhecidos.
Uma grande referência dessa época é o cientista Peter Rudik, que interessava em pesquisar a influência da atividade física sobre o desenvolvimento dos processos de percepção, memória, atenção e imaginação.
Nos EUA, Norman Triplett realizou pesquisa com grupos de ciclistas. Queria saber o porquê do desempenho dos atletas que corriam em grupos era maior do que atletas que corriam sozinhos.
Depois Coleman Griffith considerado o Pai da Psicologia do Esporte inseriu a Psicologia do Esporte nas universidades. E criou o primeiro laboratório de PE em 1925. Publicou dois livros que foram referências na época, em 1926 o livro com o título: Psicologia para treinadores e em 1928 o livro com o título: Psicologia e esporte.
Na década de 50 surgiu o primeiro Psicólogo do Esporte João Carvalhaes que inclusive trabalhou como integrante da comissão técnica da seleção na Copa de 1958. Onde Brasil conquistou o primeiro título mundial. Trabalhou também com os árbitros da Federação Paulista de Futebol.
João participou de diversos eventos científicos, inclusive o I Congresso Mundial de Psicologia do Esporte em Roma em 1965. Apresentou trabalho com o título: Observações sobre a Psicologia aplicada ao Futebol.
A partir da década de 70, a participação de psicólogos do esporte, especialmente com foco no futebol, tomou uma dimensão maior através do trabalho do psicólogo João Serapião, no Guarani Futebol Clube, no ano de 1971.
Em 1976, com o trabalho do psicólogo Mauro Lopes Almeida no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa de São Paulo, a Psicologia do Esporte alcança outras modalidades esportivas.
No fim desta década (1979), foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte (SOBRAPE), com sede em Porto Alegre, RS, sob a presidência do psicólogo Benno Becker Jr. Em 1981, realizou o I Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte, em Porto Alegre, RS. A partir da década de 90, há um aumento significativo de profissionais atuantes na área, publicações de literatura em português e a busca pela formação específica. Algumas universidades passam a oferecer a disciplina da Psicologia do Esporte, primeiramente como matéria optativa, depois como obrigatória (em pouquíssimos cursos de psicologia do país) e como estágio. Surgem também algumas especializações em Psicologia do Esporte, porém tanto a disciplina como as especializações, mestrados e doutorados nesta área se encontram, na grande maioria, nas escolas de Educação Física.
Em 2000, o Conselho Federal de Psicologia na Resolução 014/2000 regulamenta a Psicologia do Esporte como uma das especialidades da Psicologia.
O Conselho Federal de Psicologia quando regulamentou a especialidade da Psicologia do Esporte especificou suas atribuições, segue abaixo estas especificações:
A atuação do psicólogo do esporte está voltada tanto para o desempenho de alto rendimento, ajudando atletas, técnicos e comissões técnicas a fazerem uso de princípios psicológicos para alcançar um nível ótimo de saúde mental, maximizar rendimento e otimizar performance, quanto para a identificação de princípios e padrões de comportamento de adultos e crianças participantes de atividades físicas.
Elabora e participa de programas e estudos de atividades esportivas educacionais, de lazer e de reabilitação, orientando a efetivação do esporte não competitivo de caráter profilático e recreacional, para conseguir o bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos;
Desenvolve ações para a melhoria planejada e sistemática das capacidades psíquicas individuais voltadas para otimizar o rendimento de atletas de alto rendimento bem como de comissões técnicas e dirigentes;
Participa, em equipe multidisciplinar, da preparação de estratégias de trabalho objetivando o aperfeiçoamento e ajustamento do praticante aos objetivos propostos;
Colabora para a compreensão e transformação das relações de educadores e técnicos com os alunos e atletas no processo de ensino e aprendizagem, e nas relações inter e intrapessoais que ocorrem nos ambientes esportivos. Colabora para a adesão e participação aos programas de atividades físicas da população em geral ou portadora de necessidades especiais. (CFP, 2007)
Agora que esclarecemos um pouco sobre o que é a Psicologia do Esporte, no nosso próximo artigo vamos falar sobre a Psicologia do Esporte e o Futsal.
Confira! Até breve...

Camila de Castro Barros Valicente
Psicóloga do Esporte do Minas Tênis Clube, desde 2010.
Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário Newton Paiva. Especialista em Psicologia do Esporte pelo Instituto Sedes Sapientiae. Formação em Dinâmica de Grupos
e Coaching Ontológico Transformacional.
Atua desde 2003 com Psicologia do Esporte, com as modalidades esportivas taekwondo, futsal, judô, triathlon e em projetos sociais em Belo Horizonte –MG.

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