domingo, 22 de março de 2015

Desequilíbrio de Expectativa

Começar vencendo é sempre muito bom, porém, é preciso atenção para as avaliações, geralmente quem vence possui a tendência de se afastar daquilo que lhe permitiu vencer.

No esporte, em especial, nem tudo está “tudo” certo, também, nem tudo está “tudo” errado, o controle eventual de erros de expectativas precisa monitorar a evolução do trabalho, como resposta, uma sintonia entre o que se espera e o que se alcança.
O desequilíbrio entre o desenvolvimento e a necessidade pontua essa discussão, começar bem e manter-se bem e fundamental para qualquer equipe, por esta razão faz-se necessário avaliar a curva de desempenho e evolução nos primeiros meses do ano.
Iniciar uma temporada com equilíbrio competitivo não significa vencer todas as disputas, o que está em jogo é a forma, o comportamento de sua equipe diante de sucessos ou de fracassos ocorridos durante um torneio ou até mesmo em jogos amistosos, comum nesta época do ano. Bem como, se ajustam as impressões positivas internamente e também externamente.
Mesmo que o nível de pressão/cobrança sempre estará muito mais elevado do que a própria condição técnica/tática/física no início de um trabalho, ela estará sempre menor do que ao fim de uma temporada.
Por este motivo vale ressaltar que tudo irá evoluir com o tempo, inclusive a pressão/cobrança, independente do resultado obtido, o diferencial como mencionei, é que passar por cobranças e pressões com confiança é sempre melhor.
Em curto prazo a desproporcionalidade entre Pressão X Desempenho é administrável e possível de ser controlada, mesmo existindo resultados satisfatórios, porém, a médio e longo prazo se tornam ruídos aos ouvidos de todos.
Com o somatório de resultados ela pode aumentar ou estabilizar, entretanto, dificilmente diminuir, tal comportamento poderia evidenciar inclusive a falta de foco e objetivos para finalizar uma temporada, o que em minha opinião, também é muito ruim.
Fiz alguns gráficos demonstrativos (sem parâmetros estatísticos) apenas para exemplificar de forma ilustrativa e pontuar a analise.
Exemplos de Desproporcionalidade:



Com os resultados negativos a pressão aumenta vertiginosamente afastando-se da curva de desempenho, isso pode sim prejudicar uma equipe a médio/longo prazo.
Quando se obtém um bom resultado a tendência é que ocorra uma proximidade entre os dois fatores.
Ninguém inicia uma temporada com desempenho técnico/tático/físico maior do que 50%, o ganho é gradativo e poderá (em função do trabalho realizado) se aproximar de 80% em mais ou menos três meses de trabalho, se passar deste percentual o risco de queda se torna quase que evidente, se estiver muito longe disso poderemos também sofrer problemas com a evolução tardia e os resultados não acontecerem no tempo previsto.
Nas figuras ilustrativas abaixo, uma simples demonstração de queda/Manutenção dos resultados (Equilíbrio e desequilíbrio de desempenho).



Bom, poderia discorrer ainda sobre os exemplos, imaginando também as curvas que poderão acontecer com um início de temporada ruim e busca por rendimento melhor, exemplificar também um início de temporada ruim e a não reação durante a temporada, certamente as curvas entre a pressão/resultados e o desempenho poderiam se aproximar ou se afastar ao ponto onde podemos chamar de perda da credibilidade, que nada mais é do que passar a não acreditar mais na possibilidade de mudanças e reação.
Todos nós sabemos que resultados não acontecem por mera obra do acaso, existem sucessões de acertos para que as coisas conspirem a seu favor, também é verdadeiro que a sucessão de erros resulta em resultados ruins.
Em resumo, acredito que é sempre melhor buscar o equilíbrio desde o início de uma temporada, ajustar o trabalho, equilibrar as expectativas e buscar os resultados com o objetivo de se aproximar das curvas de pressão e rendimento.
Começar vencendo não significa terminar vencendo, assim como o contrário também é verdadeiro, e a abordagem do tema não é este, a abordagem está direcionada as situações que poderemos nos deparar em razão disso, quais os perigos que poderemos enfrentar e também as necessidades que teremos de “auxiliar” na motivação (recuperação ou manutenção) de nossas equipes para direcionar os bons resultados.
O que tenho claro em minha cabeça é que a evolução deverá ser permanente, aumentando o nível de dificuldade estimulando novas ações técnicas/táticas cujo objetivo será elevar o nível competitivo da equipe.
Finalizando, reafirmo que para obter bons resultados é preciso não somente planejar, mas encontrar flexibilidade e mudar sempre que necessário, ajustar e corrigir o que não deu certo e acima de tudo, possuir uma metodologia de trabalho que incentive a melhora da capacidade técnica/tática/física e cognitiva de nossos atletas.
Votos de sucesso a todos!

Prof. Esp. Marquinhos Xavier
Técnico ACBF – Carlos Barbosa-RS

Um comentário:

  1. Marquinhos, fico muito feliz em ver o teu sucesso, em ter tido a oportunidade de jogar contigo na Inpacel em 92.
    Sou o Daniel, goleiro daquele time juvenil, junto com o Maninho, Pius e Caio. O tempo passou, e tenho procurado saber dos amigos daquela época, mas nem sempre é fácil. Você batalhou muito e hoje tem o sucesso merecido.
    A vida segue. Hoje moro em Pato Branco, virei professor de engenharia da UTFPR, antigo CEFET, e é um imenso prazer acompanhar o esporte que sempre gostamos e praticamos, ainda mais revendo pessoas que um dia tivemos contato.
    Parabéns pelas conquistas! Que Deus te abençoe hoje e sempre.
    Abraços

    Daniel (Pato Branco/PR; granemann@utfpr.edu.br)

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